É fato que a saúde pública brasileira é um problema recorrente. Fazer a gestão eficiente com poucos recursos é um dos maiores dilemas do setor. Implementar transformações é urgente. E a Tecnologia da Comunicação e Informação (TIC), os sistemas de suporte a decisão médica baseados em evidências e os gestores de saúde têm um papel fundamental neste processo de amadurecimento de toda a cadeia.
Vivemos em um cenário marcado pelo maior envelhecimento da população, crescimento das taxas de doenças crônicas, de complexas comorbidades e encaminhamentos fracos. Outro desafio é a constante variabilidade no cuidado assistenciale as disparidades no atendimento em diferentes localidades e grupos populacionais. É fato que reformas e políticas de Cuidados Integrados, a exemplo do que está sendo feito por outros sistemas de saúde com dilemas parecidos ao redor do mundo, devem ocorrer para minimizar os impactos. Este conceito surgiu para ajudar a lidar, em especial, com as discrepâncias e descontinuidade do cuidado assistencial e evitar um aumento na incidência de erros de diagnóstico. A ideia é migrar de uma abordagem tradicional, com foco na doença, para uma centrada no paciente e na população como um todo. Em outras palavras, cuidados integrados resultam da união dos diferentes agentes no campo da saúde associados a uma abordagem mais holística.
Por outro lado, este processo de transformação enfrenta barreiras, como a falta de bons dados ou tecnologias para promover a integração. A TIC tornou-se um facilitador-chave no processo de integração dos cuidados de saúde. Entre as soluções disponíveis, os Sistemas de Suporte a Decisões Médicas baseados em evidências Científicas têm atuado como protagonistas, como uma relevante e poderosa ferramenta no fluxo de cuidado assistencial.
No entanto, quando o assunto é saúde pública, a adoção deste tipo de tecnologia ainda é incipiente, especialmente porque não está clara a ideia de que os custos são bem adequados em comparação com os resultados que proporcionam, especialmente no que diz respeitos aos eventos adversos, que matam milhões de brasileiros por ano. Temos exemplos do Ministério da Saúde da Espanha e a New York City Health and Hospitals Corporation, que atende cerca de 1,4 milhão de cidadãos e é considerada a maior organização de saúde municipal dos EUA. Ambas notaram melhorias na qualidade do atendimento, agilidade na resolução de dúvidas clínicas, salvando vidas em última instância.
Resultados inspiradores não faltam. Está mais do que provado como os Sistemas de Suporte a Decisão Médica podem alavancar a saúde pública e ajudar na tão sonhada eficiência clínica. Este é um caminho sem volta e em curto prazo, acredito que não haverá outra saída, a não quer que, esses recursos passem a fazer, definitivamente, parte da agenda dos gestores e líderes da saúde pública brasileira.