Santa Catarina inclui em seu calendário de datas o Dia Estadual de Prevenção e Informação sobre Esclerose Múltipla. É o primeiro ano em que o dia 30 de agosto marca a data. O objetivo é conscientizar a população catarinense sobre os males provocados pela doença e as formas de tratamento. O diagnóstico precoce e a prevenção de sequelas permitem mais qualidade de vida para os portadores da doença.
O neurologista do Hospital Regional de São José, Adaucto da Nóbrega Junior, explica que por apresentar sintomas parecidos aos de outras doenças, o diagnóstico da Esclerose Múltipla (EM) é basicamente clínico, complementado por exames de imagem, como a ressonância magnética. “Tonturas que podem sinalizar labirintite e formigamentos ligados à ansiedade são exemplos disso”, destaca o médico.
Anelize Regina da Silva recebeu o diagnóstico aos 31 anos, após o primeiro surto que a deixou tonta, com dificuldade para andar em linha reta e trabalhar. “Lembro que naquele dia, indo para o serviço, as pessoas olhavam para mim com estranheza. Foi quando percebi que eu parecia uma bêbada no meio da rua”, conta a administradora. Até então, Anelize desconhecia a doença e os médicos cogitaram até gravidez. Hoje, aos 39 anos, ela recebe tratamento via oral, mas conta que já tomou medicamentos injetáveis e intravenosos, a fim de abreviar a fase aguda e tentar aumentar o intervalo entre um surto e outro.
Em geral, a doença acomete pessoas jovens, entre 20 e 30 anos, e provoca dificuldades motoras e sensitivas. A esclerose múltipla é uma doença crônica, de surtos imprevisíveis, que atinge o sistema imunológico, fazendo com que este agrida a bainha que recobre os neurônios.
Há oito anos, Anelize disse que havia pouquíssima informação disponível sobre a doença. A causa ainda é desconhecida. Sabe-se, porém, que a evolução difere de uma pessoa para outra e que é mais comum nas mulheres e nos indivíduos de pele branca que vivem em zonas temperadas. As limitações vão além da informação. Aposentada, a paciente não pode se movimentar muito rápido por conta da fraqueza e precisa evitar ambientes fechados ou muito quentes para não passar mal. “Hoje, por meio das redes sociais, eu consigo trocar experiências com outras pessoas que convivem com a esclerose múltipla, e isso facilita muito”, conta.
No ambulatório do Hospital Regional de São José, são tratados cinco pacientes diagnosticados com EM desde dezembro de 2014. O atendimento pelo Sistema Único de Saúde também pode ser feito no Centro de Tratamento da Esclerose Múltipla (CTEM) do Hospital de Caridade, em Florianópolis.
Recomendações
– Embora não altere a evolução da doença, é importante manter a prática de exercícios físicos;
– Quando os movimentos estão comprometidos, a fisioterapia ajuda a reformular o ato motor, dando ênfase à contração dos músculos ainda preservados;
– O tratamento fisioterápico associado a determinados remédios ajuda também a reeducar o controle dos esfíncteres;
– Nas crises agudas da doença, é aconselhável o paciente permanecer em repouso.
Fonte: sc.gov