Proposta é de um modelo mais claro para identificar a quantidade de gorduras, açúcar e sódio
No contexto de estar bem informado sobre o que se consome para contribuir para a educação alimentar estão os rótulos dos alimentos. A Rede Rotulagem, que congrega 22 entidades ligadas ao setor produtivo de alimentos e bebidas, defende a adoção de um modelo de rotulagem nutricional mais claro e diferente do que é estampado nas embalagens. Atualmente, não existe um padrão e cada empresa adota um método, dificultando a identificação dos produtos ricos em gorduras, açúcar e sódio.
O atual modelo é de 2003 e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) promoveu entre maio e julho de 2018 uma Tomada Pública de Subsídios, buscando coletar informações ou evidências sobre o Relatório Preliminar de Análise de Impacto Regulatório sobre rotulagem nutricional. Este relatório estuda três alternativas apresentadas por instituições à agência. Entre elas está a Rede Rotulagem.
De acordo com João Dornellas, presidente executivo da Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação), a Rede Rotulagem sugeriu um modelo de semáforo nutricional. Nele, as informações sobre os nutrientes são reforçadas pelas legendas alto, médio ou baixo, em letras maiúsculas, e nas cores vermelho, amarelo ou verde, aplicadas sobre fundo branco. A proposta ainda prevê a padronização da tabela com o uso de fonte tipográfica única e tamanho mínimo que facilite a leitura.
“O semáforo é um símbolo universal. Qualquer lugar do mundo que tivesse adotado o sistema semafórico seria mais fácil de entender. Com ele a indústria vai, ao longo do tempo, trabalhar o seu portfólio de produtos para que se tenha mais verdes, que dois vermelhos e um amarelo, por exemplo. Isso faz com que a indústria faça o dever de casa, melhorando o perfil do produto”, sustenta.
A rede vai iniciar nesta segunda-feira (3) campanha online para mostrar para a população os benefícios considerados para este tipo de rótulo.
O modelo proposto pela Rede Rotulagem indicaria as quantidades dos três nutrientes, que são associados ao desenvolvimento de doenças crônicas, com base na porção consumida em relação a uma dieta diária de duas mil calorias. Isto levando em conta o que uma pessoa costuma ingerir. “O exemplo é a manteiga, que se utiliza entre 10% a 12% para comer com um pão. Queremos a padronização de porções e temos profissionais estudando a porção real, tanto no Brasil como nos outros países do Mercosul (Mercado Comum do Sul). Queremos oferecer à Anvisa uma proposta que seja a mais equalizadora possível neste assunto.”
A discussão sobre a mudança na rotulagem entre agência e entidades vem ocorrendo desde 2014. Dornellas opina que levar mais informação e esclarecimento para o consumidor é uma maneira de dar ele maior e melhor poder de escolha. “Não existe produto bom ou ruim. Existe alimentação regrada e não regrada. A pessoa poderá ter uma melhor decisão baseada no seu estilo de vida e da família”, acredita. Outras sugestões estudadas pela Anvisa são da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) e Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).
Fonte: Folha de Londrina