Pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que fumantes diários no País passaram de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres. Para a pneumologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Denise Onodera, essa queda é reflexo de uma sociedade mais preocupada com a saúde e em controlar fatores de risco.
“No geral, as pessoas estão mais conscientes, inclusive os jovens, com relação aos males à saúde provocados pelo cigarro, como enfisema pulmonar, problemas cardiovasculares e inúmeros tipos de câncer”.
Mesmo com a redução, a pneumologista destaca que o Brasil ainda ocupa o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes, sendo mais de 7 milhões de mulheres e 11 milhões de homens. A dependência também é responsável por 1 em cada 10 mortes no mundo.
Para quem deseja parar com cigarro, a médica aconselha planejamento, empenho e muita motivação. E lembra que atualmente existem medicamentos que contribuem para minimizar os sintomas da síndrome de abstinência da nicotina. “Evitar situações que possam levar a recaídas, como ficar perto de pessoas que estão fumando, também facilita o processo”.
Grande parte das pessoas que param de fumar apresentam sintomas de ansiedade, dificuldade de concentração, irritação e dores de cabeça. O nível do desconforto varia de pessoa a pessoa, mas passa com o tempo, em torno de 30 dias, por isso, é fundamental o apoio de familiares e amigos.
“Nunca exija que alguém pare com o cigarro, isso pode ter efeito contrário. Mesmo em pessoas que estejam motivadas, isso não é bom, pois elas se sentem na obrigação de parar de fumar de qualquer jeito e não podem fracassar”, aconselha.
A pneumologista ressalta que o cuidado com a alimentação nesse período deve ser redobrado, já que muitos tendem a ganhar peso ao parar de fumar. O ideal é aproveitar o espírito de mudança para adotar hábitos de vida mais saudáveis, como alimentação equilibrada e atividades físicas.
Denise Onodera destaca que quando a pessoa está no processo de parar de fumar, a mudança no corpo é evidente e a saúde vai se estabilizando aos poucos. “O sistema cardiovascular dos indivíduos que interrompem o tabagismo reduz em 50% o risco de eventos coronários até o segundo ano. Acidente vascular cerebral torna-se igual ao dos não fumantes em, pelo menos, 20 anos. A função pulmonar melhora aproximadamente 5% em alguns meses”, revela.
Ficar longe do cigarro também melhora os índices de sobrevida em pacientes com câncer. A magnitude da diminuição do risco de câncer aumenta com a duração da abstinência, por exemplo, depois de 10 anos o risco diminui de 30 a 50%. Entretanto, tipos de câncer, como boca, esôfago, pâncreas e bexiga, continuam mais altos se comparado com não fumantes, mesmo depois de décadas.