O médico especialista Cid Pitombo alerta que, antes considerada uma doença de adultos, a diabetes tipo 2 está afetando crianças e adolescentes no Brasil e no mundo em decorrência de maus hábitos alimentares e excesso de peso.
No Mês Mundial da Diabetes, ele alerta sobre a urgência de políticas públicas de acesso a alimentos de Vivemos uma epidemia de obesidade no Brasil e no mundo. Essa é uma constatação que tem sido alardeada por diversos especialistas, mas que ainda não conseguiu virar ação prática e concreta de reversão dos danos por parte de Governos, famílias e sociedade.
E uma das várias consequências do aumento de peso da população é o crescimento dos índices de pessoas diagnosticadas com outras doenças associadas. A principal delas, a diabetes tipo 2. O médico-cirurgião Cid Pitombo, especialista no controle da obesidade e responsável pelo tratamento dos atores André Marques e Leandro Hassum, aproveita o Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, para fazer um alerta: antes considerada uma doença de adultos, a diabetes está agora afetando crianças e adolescentes.
Aproximadamente 30% da população mundial está acima do peso, sendo 600 milhões de adultos e 150 milhões de crianças. Outro dado preocupante é que de 20% a 30% dos obesos desenvolvem diabetes tipo 2 e a doença está crescendo na infância. Estudo realizado na Inglaterra investigou a relação entre esses dois problemas e a conclusão é que a obesidade infantil quadruplica o risco de ter diabetes tipo 2. A incidência da diabetes no Brasil subiu de 5,5% para 8,9% da população em apenas dez anos, o que pode estar diretamente relacionado ao crescimento no número de crianças obesas.
A infância prejudicada por maus hábitos familiares – Projeta-se que em 2025 haverá 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso; e pelo menos 700 milhões de obesos. Entre as crianças, sobrepeso e obesidade devem chegar a 75 milhões, caso nada seja feito. Há um evidente sinal de alerta para a necessidade de prevenção imediata: oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta.
“Apesar de ser cirurgião bariátrico, sou o maior apoiador da prevenção, talvez por saber exatamente das graves consequências dessa doença. Já operei em diversos países do mundo e no Brasil desenvolvo ampla pesquisa sobre o tema. Visito escolas, creches e empresas tentando entender onde estamos errando. Uma avaliação inicial, demonstra que a maior parte desses locais, faz ampla oferta de alimentos saudáveis e campanhas de orientação alimentar. O relato das crianças, coloca o hábito alimentar da casa, bem como o tipo de oferta alimentar feita pelos familiares, como o grande ‘vilão’ dessa doença”, destaca o médico Cid Pitombo.
As crianças em geral ganham peso com facilidade por conta de hábitos alimentares errados, inclinação genética, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar, para citar alguns exemplos. Nem sempre a ingestão de grande quantidade de comida é a causa, pois em geral as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico, que não precisam ser em grande quantidade para causar o aumento de peso. As crianças costumam imitar os pais em tudo que fazem. Assim sendo, se os responsáveis têm hábitos alimentares errados, acabam induzindo os filhos a comerem do mesmo jeito.
Fatores sociais – A vida sedentária, facilitada pelos avanços tecnológicos, também leva as crianças a não se esforçarem fisicamente. Fatores como violência urbana, por exemplo, também tem levado pais e responsáveis a manter as crianças em casa, com pouca atividade como jogar bola, brincar de pique, subir em árvore. Todos esses são fatores preocupantes para o desenvolvimento da obesidade.
“Temos notado que a ansiedade tem sido uma causa importante de sobrepeso em crianças e adolescentes. Psiquiatras afirmam que por trás de um obeso sempre poderá existir um problema psicológico, agravando-se devido a nossa cultura onde a sociedade exclui os ‘fora do padrão’. Por isso, só oriento que o adulto faça o tratamento contra a obesidade de forma multidisciplinar – com equipes contendo médicos, nutricionistas e psicólogos – na criança o acompanhamento desta forma é ainda mais importante”, alerta Pitombo.
Fatores hormonais raramente estão relacionados à obesidade, mas devem ser pesquisados, assim como os fatores genéticos.
“O momento de mudança é agora. Hoje! Nos últimos 30 anos, o contingente de obesos aumentou cinco vezes no país. Para prevenir que a situação se torne o caos de saúde pública que se anuncia, é fundamental que pais e responsáveis garantam a seus filhos uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras; respeitem os horários das refeições, evitando as beliscadas nos intervalos; evitem alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes; incentivem a prática de atividades físicas e a ingestão de pelo menos dois litros por dia. A obesidade é um problema grave e deve ser encarado com cuidado. Se você conhece alguém nessa situação, oriente a procurar por um serviço confiável”, reforça o médico Cid Pitombo.
O especialista – Desde 2010, quando a equipe do dr. Cid Pitombo criou o Programa de Cirurgia Bariátrica no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro mais de 2,5 mil pacientes foram operados, moradores de todas as regiões do estado do Rio de Janeiro. A média de atendimentos ambulatoriais está sendo mantida em 2.000/mês e a taxa de sucesso é de 99%.
A equipe do Programa é multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas. A cirurgia não é o objetivo principal e sim a qualidade de vida e a mudança de hábitos. Mais de quatro mil pacientes estão sendo acompanhados pela equipe do Programa.
“É um trabalho de resgate desses pacientes, realizado com muita dedicação e seriedade por toda a equipe. Devolvemos à sociedade o paciente antes obeso que não trabalhava, que tinha vergonha de comprar roupas e que não tinha mais vida afetiva.”, conta Cid Pitombo.
Saiba mais visitando www.cidpitombo.com.br