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O que é ostomia e como ela afeta a qualidade de vida das pessoas

O Brasil possui cerca de 400 mil ostomizados, condição que tem na falta de informação e no preconceito os maiores adversários.

Estimativas globais indicam que a quantidade de indivíduos ostomizados é de 0,1% da população geral. No Brasil não existem números exatos sobre quantas pessoas são portadoras de ostomias, mas, segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é que haja cerca de 400 mil ostomizados no país.

De acordo com o médico coloproctologista, Carlos Mateus Rotta, a realização de uma estomia pode ser decorrente de problemas do sistema gastrointestinal, traumatismos colo-retais, anomalias congênitas e, principalmente, câncer de cólon e reto. E deve ser realizado em todas as doenças que envolvam, em seu tratamento, o desvio do trânsito intestinal.

A realização do procedimento acarreta mudanças no estilo de vida das pessoas, que envolvem desde a aprendizagem do autocuidado com a estomia, pois passam a usar uma bolsa de colostomia, até alteração das atividades sociais e cotidianas.

Para Andreia Muniz, ostomizada após uma cirurgia para retirada de um tumor no intestino, devido a uma endometriose, que o colou em seus órgãos, entre as dificuldades diárias enfrentadas estão, por exemplo, a questão da acessibilidade a banheiros adaptados fora de casa. “A falta de banheiros com uma duchinha é um transtorno para nós, ostomizados.

Não temos controle sobre o estoma, então, se ele funciona e enche a bolsinha enquanto estamos na rua, não tem jeito: tem que trocar, senão ela pode vazar e o odor é muito forte. E os banheiros públicos não atendem nossas necessidades de higiene, e isso é um grande dificultador,” lamenta.

E, na maioria dos casos, as pessoas que passam por esse tipo de cirurgia acabam sendo vítimas de preconceito. É o caso de Sandra Neves Rabelo que, há sete anos, convive com uma bolsa de colostomia após o tratamento de um câncer de colo de útero que afetou seu intestino devido à radioterapia. “Ser uma ostomizada representa enfrentar dificuldades, sobretudo em lugares públicos. Isso sem contar o olhar de preconceito das pessoas a nossa volta, o que nos causa constrangimento e faz com que percamos a vontade de sair de casa”, afirma.

Um bloqueador de odor sanitário que resolveu o problema do mau cheiro

De acordo com Sandra, um fator que constrange muito as pessoas ostomizadas é o forte odor das fezes, o que muitas vezes leva a pessoa a se isolar. Há alguns meses ela conheceu um produto, na casa da irmã, que, segundo ela, mudou seu comportamento na hora de fazer a higienização da bolsinha. “Não sinto mais vergonha, espirro o bloqueador de odor no vaso, como recomenda a fabricante FreeCô, esvazio a bolsa e não fica nenhum cheiro. O produto foi libertador pra mim”, revela.

Em seu processo de recuperação, ela conta que, embora tivesse o apoio da família, se sentia muito triste, inconformada com a situação, o que a levou a um processo de negação do quadro. “Levei um bom tempo para perceber que precisava me aceitar, entender que estava saudável, que não estava sozinha e que muitas outras pessoas enfrentam o mesmo quadro que o meu. Que a limitação estava na minha cabeça”, lembra ela.

O coloproctologista ressalta que, o maior desafio dos pacientes com esse quadro, é aprender a conviver com a nova situação e que para isso é muito importante reconhecer que a estomia salvou a vida delas. “O ideal é sempre contar com acompanhamento psicológico, nutricional e de um enfermeiro especializado em estomia, suporte essencial para que o paciente viva bem com a colostomia”, afirma Carlos Mateus Rotta.

Enfrentando o preconceito

O preconceito às vezes vem de quem menos se espera. Foi o caso de Andreia. Quando ela chegou para uma consulta de rotina, com a bolsa à mostra, foi repreendida pelo próprio médico que alegou que ela não precisava expor a bolsinha. “A situação piorou quando perguntei se podia entrar na piscina com a bolsa, pois pretendia viajar.

Para minha surpresa, ele falou que não, que era muito nojento. Simplesmente, ignorei e viajei. Mas, confesso que não fiquei à vontade, escondi a bolsinha com receio de que as pessoas percebessem. Mas, depois do ocorrido, decidi que não deixaria ninguém mais agir dessa forma”, afirma.

Apesar da decisão, colocá-la em prática não foi tarefa fácil. Andrea precisou superar momentos difíceis, que a levaram a enfrentar uma depressão. A superação veio com a coragem de enfrentar o quadro. Hoje, ela produz capinhas coloridas e divertidas para sua bolsa, trabalho que passou a divulgar por meio de suas redes sociais.

A atitude lhe rendeu incentivos e contatos com outros ostomizados, que passaram a solicitar encomendas. “Queria mostrar que os ostomizados precisam de cuidado, sim, mas podem levar uma vida normal com leveza e bom humor, desde que a gente se aceite primeiro”, reconhece Andreia.

Dr. Carlos Mateus Rotta – Coloproctologista

Formado pela Universidade de Mogi das Cruzes – SP (UMC)

Doutor em Cirurgia do Aparelho Digestivo

Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Especialista em Coloproctologia

Criou também a associação dos ostomizados da região de Mogi das Cruzes há mais de 20 anos.

Fonte: Assessoria de Imprensa 

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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