No dia-a-dia da vivência de uma doença, há soluções das quais só pacientes e cuidadores se lembrariam. A Patient Innovation nasceu há dois anos para partilhar essas inovações que passam ao lado da medicina. No Dia Mundial da Saúde, assinalado na quinta-feira, 7 de Abril, a plataforma digital portuguesa revelou os sete vencedores da segunda edição dos seus prêmios internacionais.
Um dispositivo para dar a volta – Crohn
Michael Seres tinha apenas dez anos quando foi diagnosticado com Doença de Crohn. Michael fez a primeira cirurgia aos 14 anos, seguiram-se mais 24. Uma insuficiência intestinal que o transformou no 11.º paciente do Reino Unido a fazer um transplante de intestino no Churchill Hospital Oxford. O britânico viu a vida virada do avesso. Fez uma estomia, procedimento cirúrgico que consiste na construção de um orifício externo na parede abdominal, por onde as fezes e a urina são eliminadas para o exterior. Mas quando tinha que esvaziar este saco era uma dúvida constante. Foi aí que Michael Seres começou a criar uma solução. Comprou uma fita de um sensor flexível, de uma luva de Nintendo Wii, no eBay. E lembrou-se de colocar um sensor na parte externa do saco, de forma a medir o seu movimento, fez vários protótipos. A criação final, já comercializada, é um dispositivo que envia as medições do saco, via Bluetooth, para um “smartphone”.
Brincando enquanto faz o tratamento
Durante a fisioterapia respiratória diária para a fibrose cística que a filha fazia, David Day batia-se com a angústia e o sofrimento de Alicia. A menina de quatro anos chorava e rejeitava a fisioterapia. E, sem ela, não conseguia expelir o muco acumulado nos pulmões e estes transformavam-se num local de proliferação de bactérias. Foi então que o pai, professor na Universidade de Derby, no Reino Unido, se lembrou que talvez pudesse ser ele próprio a criar a uma solução. Com a ajuda de investigadores da faculdade onde trabalha, David desenvolveu um videogame. Para jogar, a menina usa um dispositivo que liga os tubos de respiração ao computador. E dessa forma consegue controlar os personagens e objetos na tela. “Ela soprou no aparelho, viu flores a mexerem-se e olhou para mim com admiração”, conta o pai. “Perguntou-me como estava conseguindo fazer aquilo e disse-lhe que era magica. Ela adorou e desde então acabamos com toda a pressão e preocupação da fisioterapia.”
Um site, várias soluções
Um acidente de automóvel deixou Giesbert Nijhuis paralisado do pescoço para baixo, irreversivelmente. Aconteceu em 1996 e a vida dele mudou para sempre. O holandês criou então um site, distinguido agora pela Patient Innovation, onde partilha muitas soluções que vai criando para melhorar a vida dele e a de outros em condições semelhantes. Por exemplo, uma forma de conseguir tirar fotografias ou de ter o computador acessível quando está na cama.
AngelSense, um GPS anjo da guarda
É uma espécie de GPS (em forma de cinto) e um anjo da guarda para crianças com síndrome de Asperger ou autismo. Doron Somer, pai de um menino autista, criou este aplicativo que permite aos pais saberem exatamente onde estão os filhos. Sendo o autismo um distúrbio neurológico que afeta o comportamento, e diminui a capacidade de comunicação, são muitos os casos de crianças que se perdem. O sistema inteligente armazena informação sobre os percursos habituais do utilizador e pode inclusive alertar os pais sempre que haja alterações aos hábitos. Apesar de ter sido desenvolvido para crianças, este dispositivo pode ser utilizado por qualquer pessoa e pode ser particularmente interessante para idosos com doenças como Alzheimer.
De neto para avô
É também um dispositivo inteligente capaz de detectar movimento. A ideia andou na cabeça de Kenneth Shinozuka por muitos anos mas só foi posta em prática quando precisou ajudar o avô. Doente com Alzheimer, o senhor vagueava à noite pela casa — enquanto a família temia quedas e outros acidentes. Com um par de meias projetado para enviar alertas para o cuidador se o paciente sair da cama, a vida deles tornou-se bem mais fácil. A película contém um circuito sem fios ligado ao calcanhar do paciente que via “bluetooth” conecta-se a uma aplicativo para “smartphone”.
A bengala inteligente
Há muito tempo que Pavel Kurbatsky se tornou um criador de coisas. Tinha apenas nove anos quando inventou um termômetro especial para ajudar pessoas cegas e amblíopes. Aos dezoito, o jovem russo surpreendeu com uma bengala especial para o mesmo público, onde sensores são capazes de alertar o utilizador sobre os obstáculos que surgem no caminho. Este Walking Talking Stick integra ainda um GPS que recolhe informação sobre um determinado local para referência futura. Em Portugal, as universidades são importantes laboratórios de desenvolvimento de soluções para pessoas cegas.
Uma cadeira com rodas dobráveis
Não foi exatamente para este fim que Duncan Fitzsimons começou a trabalhar. Era ainda estudante de pós-graduação no Royal College of Arts, em Londres, quando criou uma roda de bicicleta capaz de se dobrar. O surpreendente aconteceu a seguir: o estudante começou a receber e-mails de pessoas que utilizavam cadeiras de rodas e que viam naquela criação uma grande oportunidade. A roda desenvolvida depois — e batizada de Morph Wheels — permite a estas pessoas dobrar a cadeira de rodas e torná-la portátil.
Fonte: Site P3 Portugal