O idoso Claudio Florencio da Silva, de 66 anos, foi encontrado morto dentro de casa na terça-feira (29) em Piracicaba (SP) após iniciar um tratamento experimental para hepatite C, segundo a família. Conforme parentes, que registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil, o homem fazia uso de medicamentos alternativos fornecidos pela rede pública na cidade. Ao lado do corpo do homem, foi encontrado um balde cheio de sangue.
O enteado do idoso, Ailton Evangelista da Silva, de 49 anos, contou ao G1 que o médico do padrasto receitou os medicamentos importados dos Estados Unidos, Sofosbuvir 400 mg e Daclatasvir 60 mg. Ao longo de uma semana, o paciente tomou seis comprimidos. “Depois que iniciou o tratamento, ele passou a sentir dores, ficou com a barriga inchada e vomitou bastante sangue”, relatou.
O familiar contou que o idoso tinha a doença controlada e não apresentava crises. “Ela fazia exercícios e caminhadas regularmente, participava das atividades em comunidade, tinha uma vida normal”, disse. “Meu padrasto seria o primeiro paciente a tomar os medicamentos em Piracicaba”, completou.
Avaliação prévia
De acordo com informações obtidas pela reportagem na Farmácia de Alto Custo, os medicamentos são receitados aos pacientes por apenas 3 meses após consulta e auditoria médicas que avaliam a necessidade de prescrição das substâncias. A recomendação de Sofosbuvir 400 mg e Daclatasvir 60 mg para o tratamento de hepatite C é resultado de um estudo do Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec).
Prefeitura e Ministério da Saúde
O G1 também entrou em contato, por e-mail, nesta quarta-feira (30), com a direção da Farmácia de Alto Custo de Piracicaba, que encaminhou o assunto para a Prefeitura, e com o Ministério da Saúde.
A Secretaria Municipal de Saúde, em nota, informou que o paciente era monitorado pelo Centro de Doenças Infectocontagiosas (Cedic) desde outubro deste ano e “seu quadro evoluía bem”. A pasta afirmou ainda que Claudio “já havia feito outros tratamentos anteriores para a doença e não obteve cura satisfatória”.
“Os medicamentos que tomava, indicados pelo especialista do Cedic, não são experimentais, mas usados no mundo inteiro para o tratamento de hepatite C, com possibilidade de cura em 98% dos casos. Tudo indica que ele teve alguma complicação decorrente da doença e não dos medicamentos”, afirmou a secretaria.
A nota diz ainda que o paciente estava com a doença em estágio avançado (F4), com indicativo para cirrose. “Pelo relato da família, de que houve sangramento abundante, historicamente este quadro é decorrência da cirrose. Mas esta certeza só será possível com a necrópsia, pelo IML (Instituto Médico Legal)”.
O Ministério da Saúde ainda não se posicionou sobre o caso de Claudio Florencio da Silva. O velório e o sepultamento do idoso ocorrem na tarde desta quarta no Cemitério Municipal da Vila Rezende.
Fonte: G1