Este mês é marcado como Outubro Rosa, um movimento mundial para conscientizar a população sobre o câncer de mama. A doença é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as brasileiras e leva à morte, por ano, cerca de 12 mil mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer. Mas, quando detectado de forma precoce, tem 95% de chances de cura.
A rede pública hospitalar do estado do Rio de Janeiro lançou campanha para estimular a prevenção do câncer de mama, e dispõe de nove mamógrafos para os exames, distribuídos entre o Rio Imagem, no centro da capital; o Hospital Estadual dos Lagos, em Saquarema; no Hospital da Mãe, em Mesquita; e no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti – os dois últimos na Baixada Fluminense.
A funcionária pública Solange Campos, de 48 anos, moradora em Nilópolis, faz exame a cada seis meses no Hospital Estadual da Mulher, despertada por um caso em família. “Minha mãe teve câncer de mama e foi um susto. Antes eu não me preocupava muito, mas agora faço sempre. Acho que as mulheres ainda não têm a noção dos riscos da doença, e como é importante se prevenir contra ela”, afirma.
A dona de casa Tânia Rosa da Silva, de 54 anos, vive em Paraty, no litoral sul do estado do Rio, e percorreu 230 quilômetros até o hospital de São João de Meriti para fazer a mamografia. Tânia explica que a viagem foi providenciada pelo hospital de Paraty, que a encaminhou, mas critica o fato de nenhum hospital de sua cidade contar com o mamógrafo. “Tive que sair de casa às 2h da madrugada para estar aqui às 8h. Passei pelo sacrifício porque tive conhecidas que morreram por causa dessa doença, e faço questão de me prevenir para não passar pelo mesmo”, disse.
Médica radiologista do Hospital Estadual da Mulher, Lúcia Helena Góes diz que o câncer de mama é uma doença silenciosa, e ressalta a importância da mamografia para se obter diagnóstico precoce. Segundo ela, “quando surge algum sintoma da doença, como um tumor palpável, o câncer já pode estar em nível avançado. Muitas mulheres já chegam ao hospital assim. Quanto mais cedo for descoberto o tumor, menos invasiva será a cirurgia e menor a chance de morte e de problemas estéticos para a paciente”, explicou.
A médica acredita que o medo de sentir dor durante o exame e a desinformação sobre a gravidade do câncer de mama estão entre as principais causas do diagnóstico tardio. “A mamografia pode ser desconfortável para algumas mulheres, mas é muito importante o diagnóstico precoce, que pode ajudar a salvar muitas vidas. O exame deve se tornar rotina, mas muitas mulheres ainda o deixam de lado, e só o autoexame não é suficiente”, frisou.
Lúcia Helena diz que na unidade em que trabalha os médicos fazem “captação”, recomendando e estimulando as pacientes a fazerem o exame. De acordo com o hospital, que faz cerca de 2 mil mamografias por mês, em torno de 200 (10%) das pacientes são portadoras do câncer de mama.
O Ministério da Saúde recomenda a mamografia a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, para detectar precocemente a doença, o órgão ampliou a faixa etária para os exames de mamografias em suas unidades próprias, incentivando o exame bienal para mulheres entre 40 e 49 anos. Acima disso, devem fazer exames todos os anos. Para mulheres com histórico familiar de câncer, a recomendação é de acompanhamento médico e exame anual a partir de 35 anos.