Nossa saúde é afetada por muitos fatores e aqueles que são ligados a alguma doença ou morte são chamados de fatores de risco. A OMS (Organização Mundial de Saúde) conceitua fator de risco como um atributo, característica fator a qual o ser humano é exposto, que aumenta a possibilidade de desenvolver alguma doença.
Pensando-se em prevenção, talvez os fatores de risco sejam os fatos mais importantes a se conhecer de uma doença, pois assim podemos agir diretamente neles, reduzindo a chance de tal doença acontecer e, consequentemente, todos seus males. E sabemos que prevenir e evitar que uma doença ocorra é melhor que tratar uma já existente.
Importante sabermos também que existem os fatores de risco modificáveis e os não modificáveis. Claro que é importante saber sobre os não modificáveis, para conhecermos quais grupos que estão em maior risco, porém devemos agir com bastante ênfase nos modificáveis, pois como o próprio nome diz, podemos modificar esses fatores e essa nossa intervenção pode significar algo extremamente importante para os pacientes.
Entre os exemplos de fatores de risco não modificáveis estão a idade, o sexo a etnia; todos são fatores inalteráveis. Não podemos fazer com que uma pessoa diminua sua idade, por exemplo. A nossa característica como seres humanos é progressivamente envelhecer.
Entre os modificáveis estão a hipertensão e consumo de álcool, entre inúmeros outros. Apesar da hipertensão ser uma doença e às vezes de difícil controle, podemos sim, através de esforço conjunto entre médico e paciente, controlar os níveis pressóricos e diminuir o potencial efeito dela em situações graves como infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e até mesmo o próprio acidente vascular cerebral.
Fatores de risco para o AVCh
Quando falamos de acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh), temos fatores de risco que contribuem significativamente para o desenvolvimento da doença, sendo facilmente observável que agindo nesses fatores conseguimos diminuir muito a ocorrência dessa tão grave patologia. Entre os fatores de risco estão: hipertensão, idade avançada, asiáticos e negros, ingestão alcoólica e hipocolesterolemia.
A ocorrência do acidente vascular cerebral pode ser devastadora, com prejuízos significativos para o paciente, levando desde sintomas leves até mesmo sequelas importantes que prejudicam o dia a dia, impactando muito na qualidade de vida que o paciente ira apresentar após o acontecimento do AVCh, até mesmo chegando a óbito.
É uma doença que afeta a saúde publica tanto por sua lata morbidade quanto mortalidade. Porém, mais grave ainda é quando o paciente, após sofrer um AVCh, consegue sobreviver e até ter uma boa recuperação tem um novo episódio de AVCh. Geralmente, o segundo episódio – a recorrência do AVCh – é bem mais grave, tendo efeitos mais devastadores no paciente que o episódio inicial, e justamente falaremos hoje sobre os fatores de risco para essa recorrência.
De acordo com o guideline da American Heart Association (AHA) e da American Stroke Association (ASA) de 2015, podemos citar como fatores de risco mais importantes para a recorrência do acidente vascular cerebral hemorrágico:
- Hipertensão
- Idade avançada
- Localização da hemorragia inicial
- História de acidente vascular cerebral isquêmico
É importante saber que todo paciente que já apresentou um episódio de AVCh está mais sujeito a apresentar um novo episódio, sendo o risco cumulativo de 1 a 5% ao ano para essa população.
Outra informação importante é que o risco de desenvolver um novo AVCh para quem já teve um episódio é maior no primeiro ano apos o evento inicial, porém esse risco ainda se estende por anos, especialmente nos pacientes que tiveram um AVCh lobar.
1) Hipertensão: A hipertensão, especialmente as de difícil controle, é um fator de risco bem conhecido. Ela é importante tanto para as hemorragias profundas, associadas aos microaneursimas de Charcot-Buchard, quanto também para as lombares. Alem de ser importante na recorrência do AVCh, também é um importante fator de risco para o surgimento do primeiro episódio de AVCh, denotando claramente a relevância do seu controle.
2) Idade avançada: novamente um fator de risco importante tanto no episódio inicial quanto na recorrência.
Sua relevância está associada especialmente a três fatores: a alta prevalência de angiopatia amiloide cerebral na população nessa faixa etária, o uso de medicações antitrombóticas e a presença de varias comorbidades associadas. A angiopatia cerebral amiloide é especialmente importante para a recorrência do AVCh, principalmente em pacientes nos quais o primeiro episódio foi lobar.
3) Localização do 1º sangramento: em brancos, a maioria das hemorragias, tanto inicial quanto o 2º episódio, tendem a ser lobares, enquanto as hemorragias profundas, novamente iniciais e recorrentes, tendem a acontecer mais em asiáticos.
4) E, por fim, pacientes que já tiveram algum episódio de acidente vascular cerebral isquêmico, particularmente os do tipo lacunar: os acidentes vasculares cerebrais isquêmicos do tipo lacunar ocorrem em pequenos vasos e compartilham de uma patogênese comum com os hemorrágicos, por isso a associação entre a recorrência de um AVCh e eles.
Dentre todos esses fatores o mais importante é a hipertensão, que muitas das vezes é um desafio, sendo na sua maioria uma hipertensão de difícil controle em condições ideais, ainda mais quando pensamos num contexto de um paciente grave e geralmente com varias comorbidades.
Soma-se a isso o fato de ser deletério para o paciente tanto um quadro de hipertensão, pois pode levar a um novo AVCh, quanto também de hipotensão que já favorece o surgimento de uma isquemia devido a diminuição da pressão de perfusão cerebral, complicando ainda mais o manejo da pressão arterial nesses pacientes.
Porém, é um fator de risco modificável e devemos através de todos os esforços, da soma dos conhecimentos, realizando de uma forma interdisciplinar, procurar um controle desse fator e assim reduzir as chances de ocorrer um novo episódio de AVCh.
Referências:
- A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. J. Claude Hemphill, Steven M. Greenberg, Craig S. Anderson, Kyra Becker, Bernard R. Bendok, Mary Cushman, Gordon L. Fung, Joshua N. Goldstein, R. Loch Macdonald, Pamela H. Mitchell, Phillip A. Scott, Magdy H. Selim, Daniel Woo.Stroke. 2015. doi.org/10.1161
Fonte: https://pebmed.com.br/fatores-de-risco-para-o-avch-recorrente/