Pesquisa realizada pela AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa), em São Paulo, mostra que 35,7% das biópsias resultaram positivas para câncer de mama invasivo e dessas, 22,7% são de triplo negativo.
Entre as mulheres diagnosticadas com câncer de mama invasivo antes dos 40 anos, quase metade apresentou os subtipos mais agressivos da doença – triplo negativo e HER2 positivo. A informação é parte de um estudo inédito da AFIP Medicina Diagnóstica. Foram analisadas as biópsias de mama realizadas entre os anos de 2015 a 2017, de mulheres com idade igual ou inferior a 40 anos, atendidas em um centro de referência em saúde da mulher, que pertence a rede pública da cidade de São Paulo.
Das 714 biópsias analisadas, encontrou-se 255 amostras positivas para câncer de mama invasivo (35,7%). Dessas, 58 pacientes (22,7%) apresentaram diagnóstico de tumor triplo negativo, um subtipo do câncer de mama maligno, agressivo, de rápida evolução, maior chance de recidiva e de difícil tratamento devido à sua baixa resposta às terapias. No mesmo estudo, foram encontradas 52 pacientes (20,39%) com o tumor HER2 positivo, também agressivo, porém, já com tratamento específico.
O subtipo triplo negativo representa, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), cerca de 15% do total de casos de câncer de mama. No estudo realizado pela instituição filantrópica, na faixa etária entre 19 a 40 anos e no período de 2015 a 2017, observou-se um alto número de casos desse subtipo, o que indica que muitas jovens mulheres estão sendo acometidas por esse câncer grave.
A pesquisa é um recorte populacional focado em exames realizados em São Paulo. A amostra aponta para a necessidade de atenção aos exames preventivos em mulheres que fazem parte do perfil de risco para o câncer de mama. Quanto mais cedo é identificado o tumor, melhor é a resposta ao tratamento. O estudo foi realizado pelo biomédico Guilherme Moreno, colaborador da AFIP, sob orientação de Marcia Feres, pesquisadora – PhD, coordenadora de Desenvolvimento Científico e Estágio da AFIP Medicina Diagnóstica.
“Realizar estudos com foco populacional em escala regional ou nacional, é de grande importância para que possamos entender a realidade que as pessoas estão inseridas. No caso deste estudo, foi importante compreender a quantidade de mulheres jovens que estão sendo acometidas pelo câncer de mama, sobretudo por um subtipo conhecido por ser o mais agressivo. Isso nos deixa mais alerta para o desenvolvimento de novos métodos diagnósticos mais eficazes, rápidos e de maior acessibilidade, assim como tratamentos mais específicos”, comenta o autor da pesquisa.
“A frequência de câncer em mulheres abaixo de 40 anos é extremamente relevante, por isso pesquisas como esta mostram que aquelas com histórico familiar positivo precisam começar cedo a sua investigação. Além disso, é necessário compreender a importância de cada exame preventivo ao longo da vida da paciente, como o ultrassom e a mamografia. Esta pesquisa é também uma forma da AFIP contribuir para que a prevenção do câncer de mama seja cada vez mais debatida e compreendida pela sociedade”, explica a biomédica Marcia Feres.
Exames preventivos
Os exames de imagem mais importantes para o diagnóstico precoce de lesões mamárias são a ultrassonografia e a mamografia. De acordo com a Dra. Ana Carolina Paniza, médica patologista, responsável pelo setor de Biologia Molecular da AFIP Medicina Diagnóstica, esses exames sinalizam alterações que podem ser encaminhadas para biópsia.
Outro exame que pode complementar o rastreio do câncer de mama é o teste genético para busca de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Esse teste analisa o DNA da paciente para encontrar alterações que possam aumentar suas chances de desenvolver câncer de mama ou ovário em algum momento da vida.
“O teste genético é uma opção de alta precisão, recomendado para aquelas mulheres que tiveram casos de cânceres agressivos na família e querem saber se possuem os marcadores genéticos da doença. Ele é essencial para o aconselhamento genético e tomada de decisão referente a medidas de prevenção” explica a médica.
O procedimento da retirada preventiva das mamas ganhou destaque quando a atriz Angelina Jolie fez o exame genético e decidiu retirar as mamas, em 2013, para evitar o surgimento da doença que vitimou a mãe aos 56 anos.
“Por isso, informar e conscientizar a população é uma forma de ajudar nesta tomada de decisão. Existem recomendações e elas podem ser discutidas entre paciente e médico. Quando a paciente tem a informação, ela também ganha mais autonomia para compreender e decidir sobre o seu tratamento”, finaliza Dra. Ana Carolina.
Fonte: Assessoria de Imprensa