Dos 17.278.392 adultos acompanhados ao longo de três meses, 10,926 morreram devido à Covid-19 ou complicações relacionadas à doença. A equipe do Dr. Goldacre descobriu que pacientes com mais de 80 anos tinham vinte vezes mais probabilidade de morrer de Covid-19 do que aqueles na faixa dos 50 anos, e centenas de vezes maior do que os que tem menos de 40 anos. Correlação que foi descrita como “de cair o queixo”, segundo o médico.
Além disso, homens afetados com o vírus têm uma chance maior de morrer do que mulheres da mesma idade. Condições médicas como obesidade, diabetes, casos severos de asma e baixa imunidade também foram ligados a prognóticos ruins. E os pesquisadores notaram que as chances de uma pessoa morrer também são relacionadas a fatores socioeconômicos, como a pobreza.
11% dos pacientes acompanhados na pesquisa se identificam como não-brancos. E os pesquisadores descobriram que estes indivíduos, especialmente negros e pessoas do sudeste asiático, tem um risco de morte por Covid-19 mais alto que nos pacientes brancos.
A tendência persistiu mesmo depois que o Dr. Goldacre e seus colegas fizeram ajustes estatísticos para levar em consideração outros fatores como idade, sexo e condições médicas, sugerindo que outros fatores desempenham um papel importante.
Alguns especialistas apontam falhas na metodologia do estudo que tornam difícil quantificar os riscos exatos enfrentados por membros dos grupos vulneráveis identificados no estudo. Por exemplo, algumas condições médicas que podem exacerbar os efeitos da Covid-19, como doença cardíaca crônica, são mais prevalentes em negros do que brancos.
Estudo indica que homens com Covid-19 têm mais chance de óbito do que as mulheres. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Os pesquisadores não consideraram estas variáveis para focar apenas nos efeitos da raça e etnia. Segundo Usama Bilal, epidemiologista da Universidade de Drexel, no Reino Unido, que não participou da pesquisa, negros são mais suscetíveis a estresse e tem maior probabilidade de ter o acesso a cuidado médico negado em muitas partes do mundo, o que significa que a disparidade nas taxas de doenças cardíacas pode ser influenciada por fatores como o racismo.
Ainda assim, no tocante à desigualdade social nesta pandemia a Dra. Sharelle Barber, também da Univesidade de Drexel e não participante da pesquisa, diz: “acredito que o que estamos vendo é real, e não é uma surpresa. Podemos aprender e nos aprimorar com este estudo. Ele nos dá pistas sobre o que pode estar acontecendo”.
Fonte: The New York Times/ Fonte: Olhar Digital.