Acompanhado on line por ativistas e blogueiros de vários lugares, o II Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas da Saúde chegou a países como Estados Unidos, Espanha, Portugal e Canadá.
Realizado no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, em 08 de novembro, o II Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas em Redes Sociais da Saúde, reuniu mais de 200 pessoas. Juntos, palestrantes e convidados compartilharam ferramentas sobre como produzir informação de qualidade em Saúde no campo digital, como monetizar um blog e forneceu amplo conhecimento técnico de algumas atividades realizadas por departamentos do Ministério da Saúde – (Secretaria de Assistência à Saúde e CONITEC).
“O encontro mostrou que é possível ser um empreendedor social e ajudar a mudar a vida de muita gente. Confesso que este ano pensei em desistir do Blogueiros da Saúde, mas isso não vai acontecer. Juntos podemos mais”, declarou Priscila Torres, organizadora do evento.
As palestras foram divididas em 16 temas, entre eles: “Boas Práticas em Blogs e Redes Sociais da Saúde”, “Pesquisa em Células Tronco”, “Pesquisa Clínica”, “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde”, “Uso racional de Medicamentos”, “Relacionamento Médico x Blogueiro x Paciente”, “Direitos Digitais da Saúde”, “Criação de Post”, “Mídia Kit”, entre outros.
Maratona de informação!
Palestras praticamente ininterruptas e diversas dúvidas dos ouvintes tomaram conta das nove horas do encontro. Dr. Henrique Neves, diretor geral da Sociedade Israelita Albert Einstein, deu o pontapé inicial nas apresentações e falou das boas práticas que blogueiros e ativistas da Saúde podem seguir na Internet. “Os blogs são democráticos, uma vez que asseguram a participação popular. A disseminação de conhecimento é o grande trunfo de um blog, mas a checagem da informação é indispensável para a vitalidade deste canal”, afirmou Neves, que deu início à área de Mídias Digitais no Einstein.
Pesquisa em células-tronco – O diretor do Centro de Pesquisa do Einstein, Dr. Luiz Rizzo, orientou aos convidados que não se deixem levar por falsas comunicações, uma vez que o grande problema da informação médica é checagem do conteúdo. “Quando você dá um remédio a um individuo, ele só que saber se vai funcionar ou não, mas o estudo médico ainda está em processo. Imagine quando você dá para uma pessoa um remédio vivo, como uma célula tronco? Estamos falando de estruturas que ainda são muito complexas até hoje. Não é tão simples quando dar trinta gotas de novalgina”, explica. “Somos iguais, mas geneticamente diferentes”, finalizou Rizzo.
Pesquisa clínica – Um processo sério, cuidadoso e complexo de pesquisa. Nele, se entende como um novo medicamento age no paciente, as dosagens corretas e efeitos colaterais. Segundo a psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, Dra. Luciana Holtz, é preciso desmistificar a pesquisa clínica, de modo que as pessoas não enxerguem o processo como um “teste para cobaias”, mas sim como uma maneira de evolução para a cura e para os tratamentos. “Todo o processo ocorre de forma muito ética. Queremos a pesquisa clínica mais acessível, traduzida para o publico leigo. Muitas pessoas tem medo de participar”, explica Holtz.
Ministério da Saúde – Presença fundamental no II Encontro
O que é PCDT “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde” – Como contribuir para a chegada de uma nova tecnologia?
Sair da zona de conforto e aproximar as pessoas das esferas governamentais é uma das saídas para alcançar conhecimento técnico e acompanhar as atividades desempenhadas por eles. A Dra. Maria Inez Pordeus Gadelha , diretora-substituta do Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência da SAS( Secretaria de Assistência à Saúde), do Ministério da Saúde, deu um longo panorama sobre o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), cujo objetivo é estabelecer os critérios de diagnóstico de cada doença, seus tratamentos e os mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e a supervisão de possíveis efeitos adversos. Em sua fala, Maria disse que cada protocolo deve ser adequado às normas do Sistema Único de Saúde (SUS) e que protocolar um medicamento não significa que este já está disponível, mas que se assume como dever prioritário sua disponibilização. “É um processo longo e trabalhoso. Uma de nossas conquistas foi conseguir trazer a exigência de médico especialista para o PCDT, pois as doenças não são as mesmas”, afirmou.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC, órgão do Ministério da Saúde) – No II Encontro, Dra. Aline Silveira Silva, farmacêutica e mestre em Saúde Pública, explicou que até julho de 2014, 110 novas tecnologias em Saúde foram incorporadas ao SUS. No entanto, ressaltou a importância de conhecer alguns problemas que aparecem no meio do processo que muitas vezes retardam as ações do MS, como a as tecnologias de alto custo, os recursos limitados, a judicialização, a exposição a riscos maiores que os benefícios, a subutilização e sucateamento de tecnologias, entre outras. “Existem aspectos que o médico e o enfermeiro não sabem, pois nunca passaram por aquilo, por isso a opinião do paciente também é um tipo de evidência. Muitas pessoas e até médicos se deixam levar pela publicidade e informações trazidas pelas indústrias farmacêuticas. Na CONITEC, avaliamos cada tecnologia que irá entrar no SUS, mas estes medicamentos tem que ser igual ou melhor ao que já existe”, pondera.
Criação de Post – Comunicação Social em Saúde, para o coordenador de Comunicação Externa no Grupo Fleury, Kleber Torres Soares Filho, aliar a criação de posts ao cotidiano das pessoas, criando uma identidade própria, pode ser uma boa alternativa para que blogueiros tenham seu conteúdo valorizado na Internet. A Fleury foi a primeira empresa do mundo a disponibilizar os resultados de exames através da Internet. A empresa viu nas redes sociais um canal para interagir e fortalecer as relações com os clientes e os não-clientes também. “Pensamos… ‘Temos muito que falar, temos muitos especialistas e precisamos compartilhar estas informações. Criamos uma identidade, começamos a observar que precisávamos falar de saúde de forma simples, sem fazer dela uma obrigação e tem dado certo”, apontou Kleber.
Geral na Saúde – papel do blog na educação em saúde
Muito além do CRTL C + CTRL V visto comumente em publicações nas redes sociais, estimular a criação da informação em saúde desde cedo é necessário para se ter conteúdo saudável nas redes. É isso que faz o Blog Geral na Saúde, coordenado por Cenise Monte Vicente, mestre em Psicologia. “O Geral na Saúde acredita no potencial da criança e do adolescente como comunicadores e agentes de mudanças promotoras de saúde. Todos escrevem e aprendem desde cedo a responsabilidade com a escrita e a apuração de fontes”, disse Cenise, que alertou aos presentes sobre a autoconscientização das pessoas a cerca da própria saúde.
Consumo consciente dos serviços em saúde
Sabe o jeitinho brasileiro? Aquele que deixa para resolver problemas e situações adversas em cima da hora? Pois é… Já diz o ditado que “prevenir é melhor que remediar”. Logo, fazer um “consumo consciente dos serviços em saúde”, que temos disponíveis é um dever individual. É preciso levar em conta a precariedade do sistema e aprender a se relacionar mais com a saúde, o que acontece muitas vezes quando temos algum sintoma. “Isso ajuda a desafogar um pouco o sistema. Temos que dormir bem, comer bem, buscar harmonia, estar em contato constante com o médico”, indicou Patricia Yumi Maeda, gerente de estratégia, inovação e P&D do Grupo Fleury.
Médico x Blogueiro x Paciente – Uma parceria transformadora
“O mundo está mudando. E você? Está mudando com ele?”, indagou a Dra. Cristiane Benvenuto, que escreve o blog da Cris. Em sua palestra emocionante, Dra. Cristiane despertou aos ouvintes que é preciso despertar a empatia entre os blogueiros e os médicos, o que certamente trará mais benefícios à vida dos pacientes. “Temos uma empatia emocional. E essa interação é passada através dos blogs, de pessoas que passam a sentir o que você sente. É uma sinergia, que muitas vezes convence melhor do que um médico. O ideal é que o médico e o blogueiro se unam para ajudar o paciente. E muitas vezes há uma briga entre formador de opinião e médico, por conta de suas diferenças. Assim, nos afastamos de criar algo novo e melhor”, ressaltou.
Por isso, atenção! Respeito sempre um ao outro, inclusive à Legislação. Embora democratizada, a internet não é um mundo sem lei, e sim um meio em que muitas transgressões legais podem acontecer. Para Tiago Farina Matos, advogado especialista em Direitos da Saúde, blogueiros e ativistas precisam tomar muito cuidado para não cometer calúnia e difamação, além de plágio e de publicidade de medicamentos, mesmo aqueles que não dependem de prescrição médicas. “ Siga diretrizes de manuais de redação, cite sempre a fonte ao duplicar alguma informação. Quando for utilizar imagem, pegue de um banco de imagem próprio para isso São pequenas atitudes que mantém o seu direito nas redes sociais”, disse.
Sabe o que escrever, mas não sabe como?
Mas do que adianta ter empatia, saber o que escrever e respeitar a Lei se isso não for feito de maneira criativa? Tudo está interligado para que o blogueiro tenha sucesso em sua plataforma. Para Nathália Nunes, jornalista do Empreender Saúde, ter boas referências, buscar metas e saber quem é o seu público faz toda diferença na existência de um blog, que “para ser bem respeitado precisa se programar, pensar o tipo de conteúdo que vai ser exposto. Ter planejamento é fundamental”, deu a dica.
Saúde nas Redes
Um exemplo de planejamento e conteúdo que dão certo e podem ser acompanhado por todos é o Blog da Saúde, atualizado pelo Departamento de Comunicação Social do Ministério da Saúde. Gabriela Rocha, editora da página; e Ana Beatriz Magalhães, repórter mostraram aos ouvintes que muitas ações do Ministério são divulgadas por meio do blog, o que facilita a comunicação entre a esfera governamental e a sociedade. “Por incrível que pareça não recebemos muitas sugestões de pauta no blog. E isso é fundamental! Estamos abertos para que todos conheçam o Ministério da Saúde não apenas pelo lado institucional”.
Blogs e redes sociais conseguem acolher pacientes.
São verdadeiros lugares de refúgio, ainda mais na medida em que buscam fomentar o bem estar e a qualidade de vida deles. Hoje com 7.000 usuários, a rede ‘Eu Paciente’, organizada por Carlos Paludo, tem promovido o “empoderamento” dos pacientes como protagonistas de suas vidas, conectando pessoas à um ambiente direcionado à saúde, aproximando pessoas por meio da troca de experiências e fazendo o acompanhamento de suas condições em perfis diários.
Outro exemplo de rede social de sucesso no acolhimento de pacientes é a Amar a Vida, da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). A Amar a Vida, reúne comunidades diversas para discussão e troca de conhecimentos relativos ao câncer. “Queremos ajudar a melhorar o tratamento do câncer no Brasil”, afirmou Raíssa Granziol, do departamento de Comunicação da associação.
A monetização de blogs – o EUpreendedor
Natane Tamasauskas, da agência Imagem Corporativa explicou aos ouvintes o que é um Mídia Kit, uma apresentação que sites e blogs disponibilizam com todas as suas características de acesso, público e demais dados relevantes para um possível anunciante. Segundo Natane, o Mídia Kit tem papel fundamental na agregação de valor ao blog, uma vez que pode render anúncios da plataforma. “O mais importante em um mídia kit é ser breve nas descrições e esmiuçar muito bem a sua audiência, a quem você alcança. Sempre mantenha esse dado atualizado”, enfatiza.
Monetização de Blogs da Saúde – “Quanto vale o trabalho do Blogueiro“
Muita gente acha que ter um blog é fazer dinheiro fácil, mas não é bem assim. Raphael Godilho, médico com MBA em Marketing e conselheiro no portal Empreender Saúde, falou sobre a monetização de blogs, e afirmou: “existem muitas armadilhas para blogueiros de primeira viagem, uma delas é o tamanho do contrato que ele faz com um anunciante e um mídia kit mal feito”, explicou.
Blogueiro Euempreendedor
Encerrando o ciclo de palestras no II Encontro, Eduardo Seidenthal, fundador da Rede Ubuntu, incentivou os ouvintes a desenvolver o lado EUpreendedor nas plataformas digitais. “Cada blog tem um propósito e esse propósito tem que ser muito claro para quem escreve. O propósito individual e sua importância devem ser aprofundados constantemente, para uma atuação autentica e com credibilidade. O dinheiro não pode apagar o propósito do blogueiro. Ele tem que ser resiliente nas crises e acreditar na sua missão enquanto formador de opinião”, finalizou.
A realização do evento teve o apoio institucional do Blog da Saúde (Ministério da Saúde), Hospital Israelita Albert Einstein, Interfarma, Instituto Oncoguia, Evidência Credibilidade Cientifica, Portal Sentir Bem, Empreender Saúde, Orientavida, AME ( Amigos Múltiplos pela Esclerose Multipla), ABEM (Associação Brasileia de Esclerose Múltipla), Vereador Marco Aurélio Cunha e Deputada Federal Mara Gabrilli.
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