O Brasil terá 29.490 casos de câncer associados a um elevado IMC (Índice de Massa Corporal) em 2025, mostra estudo publicado por pesquisadores brasileiros, americanos e franceses na “Cancer Epidemiology”. O número responderá a 4,6% de todos os casos de novos câncer diagnosticados.
Pesquisadores chegaram a esse dado a partir de projeções que tiveram por base cálculos realizados em 2012. Naquele ano, o peso elevado respondeu a 15.465 casos de câncer (3,8% do total).
O levantamento teve como primeiro autor Leandro Fórnias Machado de Rezende, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Segundo Rezende e demais pesquisadores, as informações podem ser usadas como ferramentas para apoiar programas de prevenção contra o câncer no Brasil.
O estudo já está disponível, mas constará na edição da “Cancer Epidemiology” de junho de 2018, que ainda está em construção.
Em 2025, o Brasil terá 640 mil casos de câncer, segundo a projeção; contra 470 mil casos em 2012.
Os autores apontam que a obesidade (IMC > 30) será um fator relevante no aumento dessa maior incidência de tumores. Pesquisadores do estudo apontam que a condição vem numa tendência de crescimento nos últimos anos, chegando a 14,4% dos homems e 25.4% das mulheres com mais de 20 anos em 2013.
Os dados vieram de pesquisas realizadas em 2002 e 2013 no Brasil. O câncer de mama sai na frente como o que mais sofre influência de um peso elevado. São 4777 casos da condição associados ao peso em 2012; em segundo lugar, está o câncer de colo de útero (1729); depois o câncer colorretal (681); de próstata (926) e de fígado (651).
Puxadas pelo câncer de mama e pelo câncer de colo de útero, as mulheres serão as mais afetadas: 18.837 (6,2%) mulheres terão câncer associado ao peso em 2025. Nos homens, esse número é de 15.702 (3,2%).
A literatura científica aponta que 13 tipos de câncer estão associados ao aumento de peso. Entre eles, o de mama e o câncer de próstata.
Os autores citam que a relação entre o câncer e a obesidade pode ser explicada porque um peso elevado estimula fatores de crescimento associados a uma maior proliferação celular.
Industrialização e sedentarismo
Os autores da pesquisa apontam a industrialização e o maior consumo de alimentos ultraprocessados como uma das causas de índices elevados de obesidade.
“A industrialização de sistemas alimentares mudou profundamente as culturas alimentares tradicionais, que eram geralmente composta de alimentos frescos e minimamente processados”, escreveram os pesquisadores.
Nos países da América Latina, vendas de produtos ultraprocessados aumentaram 103% entre 2000 e 2013, escreveram. Também, no mesmo período, segundo os autores, houve um forte aumento do IMC entre adultos nesses países.
Eles apontam que intervenções e políticas de saúde pública são necessárias para reduzir a obesidade em nível populacional.
Também, segundo os cientistas, inovações de mercado que valorizem alimentos frescos também poderiam ter impacto na diminuição de casos de obesidade e, por consequência, na menor incidência de alguns tipos de câncer.
Fonte: Bem Estar