Tudo começou durante uma viagem aos Estados Unidos, quando Marina ficou fascinada diante de uma loja de artigos dedicados ao diabetes, em uma galeria que conheceu por lá. E não se tratava apenas de itens alimentícios. Mas sim, coisas comuns em terras brasileiras. “Gastei quase todo o meu dinheiro lá. Voltei pensando, por que não criar uma loja assim aqui no Brasil? Liguei a uma amiga que fazia camisetas para aniversários de crianças, contei sobre a ideia e imediatamente colocamos a coisa no ar”, explica.
Marina conta que a inspiração para sua coleção de camisetas surgiu de coisas que encontrava pela Internet, “Eu fico pensando em coisas que eu gostaria de falar para o mundo e transformo em camisetas”. No entanto, algumas frases são pérolas de sua autoria, como um de seus slogans preferidos pelo público que acompanha assiduamente sua página no Facebook: “Somos naturalmente doces”.
De coração aberto: informação é essencial
Marina explica que o lado emocional da doença ainda é pouco abordado, até mesmo pelos especialistas, e orgulha-se por levantar essa bandeira. “Eu acho que as pessoas vestem as estampas por orgulho da doença ou para demonstrar amor a um diabético. Por exemplo a estampa, “Eu amo uma pessoa com diabetes”. Acho que a camiseta dá base a uma parte emocional que a gente nem sabe que tem. Uma camiseta pode transformar muito a vida de alguém com o diagnóstico, sabe?! Não vejo o porquê de não estampar uma causa legítima no peito”, desabafa.
Além dos desafios da própria DT1, familiares e pacientes convivem ainda com a falta de conhecimento e informação, o que muitas vezes acaba criando opiniões desfavoráveis sobre a doença. “No Natal vendemos a camiseta, “Eu amo alguém que tem diabetes”, para toda a família de uma garotinha recém-diagnosticada. Eles passaram toda a ceia com a camiseta e a menina se sentiu super amada e começou a aceitar a doença. Isso para mim vale mais do que o dinheiro do lucro”, comenta a escritora, emocionada.
Prestes a lançar seu primeiro livro, “Crônicas da Diabética Tipo Ruim” (editora Book Express), Marina Barros conta que 70% da arrecadação sobre a venda dos artigos da sua loja virtual (http://diabeticatiporuim.com.br/index.php/loja/) é revertida em investimento para novos produtos e novos projetos. “As pessoas que recebem o produto elogiam, postam fotos e acham maravilhoso. Toda essa energia é o que nos mantém no foco para melhorar e criar coisas novas”, acrescenta.
Além das camisetas, a loja virtual comercializa outros acessórios temáticos como capinhas para celular, pulseiras, capas para bomba de insulina, camisetas, canecas, squeezes, relógios. “Não existem produtos assim dedicados ao tema no Brasil e eu acho que é por isso que temos essa grande procura. Quando você usa a moda ao seu favor, as pessoas curtem muito mais”, reforça a escritora.
Todo mundo gosta de usar alguma coisa que expresse suas ideias e quer algo mais expressivo do que uma camiseta? Usar a bomba de insulina pode ser chato e sem vida, mas usar com uma capinha colorida, charmosa e especial, já muda todo o cenário”, finaliza.
Com a colaboração da jornalista Marcela Fonseca (http://modasemcrise.com.br/).
Foto: Marcela Fonseca.
Sobre o diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1 ocorre em cerca de 5 a 10% dos pacientes com a doença. Os portadores de diabetes tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores normais, e há risco de morte se as doses de insulina não são dadas diariamente. Embora ocorra em qualquer idade, é mais comum ser diagnosticado em crianças, adolescentes ou adultos jovens. Estima-se que haja, pelo menos, 400 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo, e no Brasil, são cerca de 12 milhões de portadores, segundo dados do Ministério da Saúde e de sociedades médicas. Morrem a cada ano, aproximadamente 5 milhões de pessoas por complicações causadas pela doença.
Sobre Marina Barros
Marina Barros é escritora, fotógrafa e amante da vida. Portadora do diabetes tipo1, desde 2013 dedica-se integralmente na orientação adequada, disseminação de informação, engajamento da sociedade e opinião pública, para a realidade de quem sobrevive a batalha diária com a doença. Sua página no Facebook (facebook.com/diabeticatiporuim), conta com mais de 8 mil curtidas e um alcance superior a 23 mil pessoas em cada publicação.
O blog (www.diabeticatiporuim.com.br) é um dos mais visitados e influentes sobre o assunto, ajudando milhares de famílias no Brasil e no exterior a enfrentar as dificuldades dessa doença fatal e sem cura. Sua missão pode ser definida como: “Ajudar o maior número de pessoas que sofrem com o diabetes tipo 1. Mostrar a elas como encarar os obstáculos e dificuldades da doença, sem abrir mão da sua liberdade e da vontade de viver tudo aquilo que quiser”.
Website: http://diabeticatiporuim.com.br/
Fonte: Exame Abril