De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, a estimativa de novos casos de câncer colorretal (câncer do intestino grosso e do reto) no Brasil é preocupante: mais de 36 mil novos casos da doença somente em 2018, sendo quase 19 mil mulheres.Hábitos de vida modernos, como o sedentarismo e o consumo excessivo de carne vermelha ou processada são apontados como a principal causa do aumento de casos deste tipo de câncer.
“O câncer colorretal é o tumor maligno mais frequente do aparelho digestivo e o terceiro câncer mais frequentemente diagnosticado em nosso país. No entanto, apesar da sua alta incidência, tem ótimas taxas de tratamento e cura, especialmente quando diagnosticado nas fases iniciais”, afirma a médica Adriana Agnelli, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, cirurgia bariátrica e coloproctologia.
Dra. Agnelli explica que alguns fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da doença, como obesidade, dieta pobre em fibras e rica em gordura animal, carnes vermelhas e processadas, consumo de álcool e tabagismo, e histórico da doença na família.
“Os hábitos de vida modernos parecem influenciar diretamente a ocorrência do câncer colorretal. Nas últimas décadas, têm-se notado um aumento progressivo na incidência dos tumores de intestino em adultos mais jovens nos EUA, o que motivou as novas diretrizes da American Cancer Society. E, aqui no Brasil, este aumento tem sido notado também, especialmente nos grandes centros, onde o modelo de vida é semelhante ao americano.”
A doença, que pode não apresentar sintomas na fase inicial, é diagnosticada por meio da colonoscopia. “Diferente do que muitos pensam, a colonoscopia é um exame muito seguro e nos permite realizar biópsia de lesões suspeitas e diagnóstico precoce de câncer, além de permitir também a remoção de pólipos, que são, na maioria das vezes, lesões precursoras desta doença.
Deste modo, além de um exame de rastreamento e diagnóstico, a colonoscopia é também um exame de prevenção do câncer colorretal, e iniciar sua realização aos 45 anos pode nos auxiliar a diminuir o número de casos da doença”, reforça a cirurgiã. Vale lembrar que quando há histórico familiar do tumor ou outras doenças intestinais, a indicação já muda e a avaliação e acompanhamento médico são fundamentais.
A médica alerta que 20% das pessoas diagnosticadas com câncer colorretal não apresentam qualquer sintoma, e, quando presentes, os sintomas mais frequentes são mudança no hábito intestinal (diarreia e/ou obstipação), dor abdominal, sangramento retal, fezes escuras e, em fases mais avançadas, pode ocorrer emagrecimento, massa abdominal palpável, anemia e fraqueza.
“Também pode haver sintomas decorrentes de metástases, que variam de acordo com o local acometido. Por isso, os pacientes precisam ser avaliados individualmente para se determinar a repercussão da doença e estratégias de tratamento.”
O tratamento primordial destes tumores é cirúrgico, mas dependendo da fase em que se encontra ao diagnóstico pode exigir a indicação de quimioterapia e radioterapia.
“Mesmo com os inúmeros avanços na oncologia, com o desenvolvimento de novas drogas para a quimioterapia e o aperfeiçoamento das técnicas de radioterapia, a cirurgia ainda é o pilar fundamental e a etapa mais importante do tratamento de pacientes com o câncer colorretal”, finaliza Dra. Agnelli. Para ela, realizar a prevenção e o rastreamento adequado da doença e ficar atento aos sintomas que o corpo dá é essencial para que se tenha cada vez mais diagnósticos precoces e, com isso, maiores chances de cura da doença.
Fonte: Time Comunicação – Paula Saletti