A invenção da pílula anticoncepcional mudou a vida da mulher ao garantir o direito de escolher quando gostaria de engravidar, além de reduzir os incômodos da menstruação. Mas, o medicamento tem função ainda mais importante: a prevenção da endometriose.
A doença é causada quando há a inflamação de células endometriais ou do endométrio (parede interna do útero) que descama ao final de um ciclo menstrual e que atingem principalmente mulheres na idade reprodutiva, que geralmente têm fluxo intenso e doloroso. “Apesar de ser uma doença benigna, ela pode ter comportamento maligno, causando cólicas incapacitantes, infertilidade e até afetar órgãos vizinhos, como intestino ou bexiga, sendo necessário o procedimento cirúrgico em casos mais graves”, afirma a ginecologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Maria Luisa Mendes Nazar.
O anticoncepcional torna-se um grande aliado na prevenção da endometriose, pois bloqueia o endométrio e inibe a formação da aromatase (enzima que estimula a formação de hormônios e, por consequência, interrompe a fabricação de estrogênios no ovário e no útero, produzidos pelo corpo da mulher), diminuindo o aparecimento da patologia e controlando sintomas, como hemorragias e dores pélvicas.
“As mulheres do mundo moderno optam por adiar, cada vez mais, a gravidez ou por ter menos filhos e, por consequência, menstruam mais vezes ao longo da vida, deixando-as vulneráveis à endometriose. Em casos da doença, podemos indicar o uso contínuo de anticoncepcionais ou outros tratamentos medicamentosos ou até cirúrgicos, mas cada caso deve ser acompanhado por um ginecologista, que define qual o melhor tratamento para cada paciente”, ressalta a médica.
E, assim como em todas as doenças, o diagnóstico precoce é sempre necessário. “É preciso ouvir a queixa clínica da paciente com atenção para cólicas muito fortes, que não melhoram com analgésicos e que impedem a mulher de fazer atividades do dia a dia”, explica Maria Luisa.
Também devem ser realizados exames que ajudam no diagnóstico, como a ultrassonografia, exame de sangue CA125 e ressonância nuclear magnética da pelve. “Mesmo com a realização de todos esses exames, o resultado só pode ser conclusivo após realização da biópsia e do anátomo patológico, que avalia macro e microscopicamente os tecidos e as células da paciente”, conclui a ginecologista.