A diabetes já é considerada pela Federação Internacional de Diabetes (FID) uma epidemia mundial. Só no Brasil, a estimativa é que quase 12 milhões de pessoas sofram com ela, e a perspectiva é ainda pior – de 19 milhões, para os próximos anos. Por conta disso, há uma luta constante na medicina para encontrar novas alternativas de tratamento, a fim de melhorar a qualidade de vida.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente o uso da canagliflozina, uma nova classe de medicamentos para agir no controle da diabetes tipo 2 – quando o organismo resiste à ação da insulina e as células beta pancreáticas tornam-se incapazes de produzir insulina suficiente. “Essa classe de medicamentos deve ser usada com cuidado em indivíduos com algum risco de desidratação ou em uso de diuréticos mais potentes.
Por exemplo, idosos com a saúde bastante comprometida”, alerta o endocrinologista Antonio Carlos Pires, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp). Além disso, está no mercado a bomba de insulina Paradigm VEO, voltada para o diabético do tipo 1, que necessita de insulina para controlar os níveis glicêmicos.
A bomba faz um monitoramento contínuo da glicose, 24 horas por dia, com leituras atualizadas a cada 5 minutos, indicando em que nível está a glicemia do usuário, além de contar com mecanismo automático de suspensão da infusão de insulina para proteger o paciente contra episódios de hipoglicemia potencialmente perigosos.
Esses e outros assuntos relativos à doença foram abordados, no 3º Encontro Paulista de Endocrinologia Clínica, cujo tema foi “Fases da Vida”.
Novidades no mercado
Os dois novos medicamentos têm como mérito reduzir as dificuldades de controle da diabetes. Quem convive com o transtorno de tomar inúmeros medicamentos para viver bem com a doença sabe da importância de produtos com melhor eficácia. A dona de casa Benedita Almeida, 65 anos, vive acompanhando os lançamentos de novos produtos. “Tenho fé que ainda vai chegar o dia de eu tomar um medicamento só, e não oito, como tomo hoje, para manter a diabetes controlada.
Durmo e acordo pensando nos comprimidos. E isso porque também faço dieta e academia, tudo para ajudar a controlar”, diz. A canagliflozina, para diabetes tipo 2, age nos rins, impedindo que a glicose filtrada seja reabsorvida pela corrente sanguínea. Com isso, oferece melhor controle dos níveis de glicose no sangue, com benefícios adicionais de redução de peso corporal e diminuição da pressão arterial.
O mecanismo de ação do novo medicamento é um fator importante para o processo de absorção da glicose elevada, explica o endocrinologista Walmir Coutinho, do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia do Rio de Janeiro e professor da Pontifícia Universidade Católica, do Rio de Janeiro (PUC-Rio). “A glicose filtrada pelos rins é reabsorvida de volta para a corrente sanguínea e, com este medicamento, ela é excretada, de modo que deixa o organismo livre do açúcar excedente”, diz.
O remédio faz com que ocorra a eliminação do excesso de açúcar pela urina, assim, reduzindo os níveis de glicose no sangue. O único problema é que, por ser um produto que exigiu muitos estudos, ainda não tem um valor fixado para sua comercialização, tampouco deve ser aprovado rapidamente para o Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez não deverá ter um custo muito acessível. Ainda assim, Coutinho reforça a importância de novos medicamentos, uma vez que, embora existam vários medicamentos para combater a diabetes do tipo 2, muitos pacientes ainda não conseguem ter a doença controlada.
‘Bombinha’ monitora nível de glicose no sangue
A bomba de insulina, para diabetes tipo 1, segundo o endocrinologista pediátrico Felipe Monti Lora, de São Paulo, vai promover uma real melhora na qualidade de vida deste paciente, ao permitir o controle, por 24 horas, dos seus índices glicêmicos. É um avanço importante, uma vez que diabéticos sofrem com a incapacidade do pâncreas em produzir insulina, hormônio que necessita ser reposto e pode gerar episódios de hipoglicemia (diminuição no nível de glicose no sangue) e causar desmaios, convulsões e até levar ao coma.
“O uso desta tecnologia reduziu essas ocorrências, ao substituir as aplicações de insulina de 4 a 6 vezes por dia pela troca de um pequeno cateter que garante a administração da insulina em microdoses dia e noite, e que deve ser substituído uma vez a cada três dias. Além disso, pode ser colocado e retirado facilmente para realizar atividades diárias, como tomar banho ou se exercitar”, explica. E, como cerca de 50% dos eventos ocorrem à noite, quando é mais difícil monitorar os níveis de glicose, acaba afetando mais as crianças.
Sem injeções
Quem já está fazendo uso da bombinha é a pequena Maria Luíza, de 9 anos, uma das primeiras no Brasil a usarem a bomba de insulina Paradigm VEO. A menina teve o diagnóstico da diabetes do tipo 1 aos 6 anos, quando, por conta do excesso de sede e idas ao banheiro, seus a levaram ao médico. Hoje, com o uso da nova bombinha, a família já comemora a redução em 20% dos episódios de hipoglicemia.
“Antes, ela tomava umas seis injeções diárias de insulina. Algo que foi substituído pelo uso de um cateter, que administra de forma automática da insulina. Faço uma planilha de controle, onde anoto as variações dos níveis glicêmicos da minha filha”, afirma Edvaldo Simões da Fonseca Júnior, pai da Maria Luíza.
Entenda melhor:
Diabetes do tipo 2
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 44% das ocorrências de diabetes mellitus tipo 2 no mundo podem ser atribuídas ao excesso de peso, à obesidade e ao sedentarismo. Estima-se que um bilhão de adultos estejam acima do peso e 475 milhões são obesos. Para a maioria das pessoas com risco de sofrer de diabetes mellitus tipo 2, a obesidade é um dos fatores de risco que contribuem para que o organismo resista à ação da insulina, e quando as células beta pancreáticas tornam-se incapazes de produzir suficiente insulina
Como age o novo medicamento
A canagliflozina, pertence a uma nova classe de drogas denominada inibidores do cotransportador de sódio e glicose 2 (SGLT2), tem como função eliminar o excesso de glicose pelos rins, oferecendo um melhor controle dos níveis de glicose no sangue, com benefícios adicionais de redução de peso corporal e diminuição da pressão arterial
Diabetes do tipo 1
Segundo a OMS, calcula-se um aumento de 3% na incidência de diabetes tipo 1 por ano, sendo que, deste montante, 79 mil são crianças menores de 15 anos. Hoje, para cada 100 mil habitantes existem 40 portadores de diabetes tipo 1. Esses pacientes são caracterizados pela incapacidade do pâncreas em produzir insulina, hormônio que necessita ser reposto e pode gerar episódios de hipoglicemia (diminuição no nível de glicose no sangue), causar desmaios, convulsões e coma
Como age a bomba de insulina
Esse novo sistema tem uma vantagem que não existe em outras bombas, que é o reconhecimento da hipoglicemia e consequente parada automática da infusão de insulina. Caso esta infusão continuasse, poderia prolongar e/ou piorar o quadro, acarretando sintomas e suas sequelas. Isso tem especial importância no período noturno. Com a criança dormindo, os sintomas não ficam evidentes, e a hipoglicemia pode ser mais grave e duradoura.
FONTE: http://www.diarioweb.com.br/novoportal/noticias/saude/203604,,Medicamentos+dao+mais+qualidade+de+vida+a+quem+tem+diabetes.aspx