Sociedade Brasileira de Oncologia alerta para os tumores mais frequentes entre as mulheres
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) faz um alerta sobre a saúde das mulheres, no que diz respeito à importância da prevenção e diagnóstico precoce dos cinco tipos de câncer mais comuns entre a população feminina, os tumores de mama, colorretal, colo de útero, pulmão, estômago.
“O câncer de mama, mais comum entre as mulheres, possui campanhas de conscientização durante o mês de outubro, reconhecido como Outubro Rosa, que são fundamentais para discutir o problema e orientar sobre a detecção da doença. Porém, é importante ressaltar que há outros tumores muito comuns entre a população feminina, como por exemplo o de pulmão e colorretal, que também podem ser evitados ou tratados com sucesso quando diagnosticados precocemente e nem sempre recebem tanta atenção dos órgãos públicos e da sociedade”, comenta Dr. Claudio Ferrari, Diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Para orientar a população, a SBOC preparou uma relação com os tipos de tumores mais comuns entre as mulheres e como fazer a prevenção ou o diagnóstico.
Câncer de mama
Considerado o tumor mais comum na população feminina em todo o mundo, o câncer de mama atingiu 57.960 novos casos no Brasil em 2016, segundo estimativas do Inca.
Na ausência de fatores familiares que indiquem o risco aumentado para a doença ou de achados de exame físico que exijam investigação específica, as mulheres devem realizar exames anuais de mamografia. O início da rotina de rastreamento, com exames mais frequentes, é recomendado pelo Inca apenas a partir dos 50 anos, mas sociedades médicas e organizações internacionais indicam como ideal o início aos 40 anos. “Quando o câncer de mama é diagnosticado em fase inicial, 90% dos casos têm chance de cura. Por isso, também é muito importante que toda mulher realize mensalmente o auto-exame. Aquelas que menstruam devem fazê-lo na semana seguinte ao término da menstruação, enquanto as menopáusicas podem fazer em uma data determinada de cada mês. Caso perceba alguma alteração em sua mama, é recomendável que ela procure seu médico o quanto antes para avaliação” alerta o Dr. Gilberto Amorim, oncologista diretor da SBOC.
Câncer Colorretal
Em 2016, o Inca estimou 17.620 casos de câncer de cólon e reto em mulheres no Brasil. Este tipo de tumor está ligado a hábitos de vida, como alto consumo de carnes vermelhas e carnes processadas, pouca ingestão de frutas, legumes e verduras, obesidade e inatividade física.
“Sabemos que o consumo de alimentos ricos em fibras e a prática regular de atividade física são considerados medidas preventivas contra a doença, portanto este é mais um tipo de tumor que pode ser evitado com a adoção de hábitos de vida saudáveis”, explica Dr. Gustavo Fernandes, Presidente da SBOC.
O diagnóstico do câncer colorretal deve ser suspeitado em casos de alteração do hábito intestinal e eliminação de sangue nas fezes. O exame colonoscópio permite a visualização da lesão e, muitas vezes, o tratamento do câncer em estágios iniciais e de lesões que podem vir a se tornar um câncer.
Câncer de Colo do Útero
No Brasil, cerca de 16 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo de útero por ano. Apesar de ser o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres pela doença no Brasil, sua alta incidência é um contrassenso, pois trata-se de um tipo de tumor facilmente evitável por meio da vacina contra o HPV.
“Estudos científicos mostram que a idade mais efetiva para a vacinação é entre 9 e 13 anos, mas os pais acreditam que vacinar meninas ainda muito novas pode levar ao início da vida sexual. Precisamos tirar esse estigma da vacina, pois ela traz benefícios comprovados à prevenção do câncer. Esta é uma proteção muito importante que os pais devem oferecer às suas filhas”, comenta o Dr. Fernandes.
Outra medida importante é o exame Papanicolau, que deve ser realizado em toda mulher que já iniciou a atividade sexual, a partir dos 25 anos, devendo ser mantido até os 65 anos. Após a realização de dois testes anuais com resultado normal, o exame deve ser repetido a cada 3 anos.
Câncer de Pulmão
O tabagismo é responsável por, aproximadamente, seis milhões de mortes anuais no mundo e aproximadamente 147 mil mortes no Brasil, incluindo as decorrentes de câncer. Segundo o Inca, estima-se que o Brasil apresente 10.890 casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmões entre as mulheres, em 2016.
“O câncer de pulmão é um dos mais agressivos e, ironicamente, um dos mais fáceis de ser evitado, uma vez que o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença é o tabagismo”, comenta a oncologista diretora da SBOC, Dra. Clarissa Matias. Em geral, os fumantes têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão, quando comparados a pessoas que nunca fumaram.
Os sintomas da doença incluem tosse, que pode vir acompanhada de sangue, dores no peito, espirros, perda de peso, e não costumam aparecer até que o câncer esteja em estado avançado, o que dificulta o tratamento. Para ficar longe do câncer de pulmão, a principal recomendação é não fumar.
Câncer do Estômago
Com a melhor conservação dos alimentos – uso de geladeira e redução do consumo de conservas e alimentos salgados –, a incidência do câncer de estômago caiu muito ao longo do século XX. Mesmo assim, esse tumor continua sendo um dos mais comuns na população feminina brasileira, com expectativa de 7.600 novos casos em 2016, segundo o Inca.
Como o câncer está relacionado à infecção pela bactéria Helicobacter Pylori, que também responde por boa parte das gastrites, sua presença deve ser sempre pesquisada em pacientes que apresentam essa doença. A eliminação do agente é possível com o uso de antibióticos.