Os olhos sofrem no carnaval. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, os prontuários do hospital mostram que os atendimentos de emergência atingem o pico no período da festa. Os problemas oculares que levam os foliões ao serviço de emergência são: conjuntivite (inflamação da conjuntiva), ceratite (inflamação da córnea) e neurite óptica.
Perigo das aglomerações e maquiagem
O oftalmologista afirma que a conjuntivite viral e bacteriana comuns no verão atingem o pico no carnaval pelo maior contato físico das pessoas nos desfiles de rua ou salões e pelo compartilhamento de maquiagem. “Maquiagem é igual escova de dente”. Cada mulher deve ter a sua. A flora bacteriana é diferente entre as pessoas. Por isso o compartilhamento de maquiagem para a área dos olhos causa contaminação
Queiroz Neto destaca que maquiagem vencida, produtos com glitter ou purpurina e o contato das pálpebras com a cola dos cílios postiços são importantes veículos de conjuntivite alérgica. O uso de cosméticos por crianças, alerta, pode desencadear alergia crônica, ou seja, uma intolerância perene. Isso porque, explica, na infância os olhos e o sistema imunológico estão em desenvolvimento. Por isso, só recomenda o uso de maquiagem após os 12 anos de idade.
Os sintomas comuns aos três tipos de conjuntivite elencados pelo especialista são: coceira, lacrimejamento, sensibilidade à luz, pálpebras inchadas e olhos vermelhos. A diferença, explica, é que na viral os olhos apresentam um secreção viscosa, na bacteriana a secreção é purulenta e na alérgica a secreção é aquosa, além da coceira ser mais intensa.
Prevenção
As dicas do médico para prevenir a conjuntivite viral, bacteriana e alérgica são:
· Lavar as mãos com frequência
· Evitar coçar os olhos.
· Não compartilhar maquiagem colírio, toalhas ou fronhas.
· Retirar a maquiagem ou cílios postiços em caso de coceira, e lavar os olhos abundantemente com água.
· Enxugar o suor ao redor dos olhos com lenço descartável para evitar a penetração de cosméticos.
· Fazer compressa de água fria quando a secreção for transparente e morna quando for amarelada. Não desaparecendo o sintoma procurar o médico.
Espuma de carnaval e serpentina em spray afetam a córnea
Queiroz Neto afirma que o contato do olho com espuma de carnaval e serpentina em spray podem causar desde alergia até ceratite, uma inflamação na córnea. Dependendo da quantidade e tempo de exposição a estes produtos a lesão pode evoluir para uma úlcera e queda permanente da visão. Isso porque, contêm resinas que podem causar queimadura. A dica do médico para evitar complicações é lavar com bastante água sem esfregar a superfície e evitar o uso de água boricada que pode piorar a irritação. Não desaparecendo o desconforto e a sensação de visão embaçada é necessário consultar um oftalmologista imediatamente.
Bebida falsificada
Queiroz Neto alerta que o consumo de bebida alcoólica falsificada tende a crescer no carnaval e pode causar neurite óptica, uma inflamação do nervo óptico que e leva à perda permanente da visão. A doença é provocada pela maior quantidade de metanol nas bebidas clandestinas do que o permitido pela legislação. Apesar da maior refinaria clandestina já descoberta no do país com capacidade de produzir de 1,2 mil a 1,5 mil litros de bebida/dia ter sido desmantelada no final do ano passado fica a dica. – Antes de consumir qualquer destilado é importante checar o registro do Ministério da Agricultura. Enxergar no pós-carnaval não tem preço.