O médico especialista Cid Pitombo alerta para a importância da família na prevenção do diabetes tipo 2. Oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta.
O controle do diabetes é uma das prioridades da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019. Segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF), está previsto um aumento de 48% de aumento no diagnóstico da doença em todo o mundo. Até 2045, a estimativa é de que 629 milhões de pessoas tenham o mal. Os dados são alarmantes, ainda mais se considerarmos que a doença crônica que atinge cerca de 12,5 milhões de pessoas apenas no Brasil, cerca de 7% da população.
Os motivos do aumento do número de pessoas acometidas pelo diabetes no Brasil são semelhantes aos vistos em outros países: alta taxa de obesidade, consumo excessivo de álcool, hipertensão arterial e urbanização, por exemplo. Neste cenário, o cuidado e a educação das crianças são essenciais para evitar que uma verdadeira epidemia fuja do controle em escala global. Hoje, a glicose alta mata 4 milhões de pessoas por ano.
“Apesar de ser cirurgião bariátrico, sou o maior apoiador da prevenção, talvez por saber exatamente das graves consequências dessa doença. Já operei em diversos países do mundo e no Brasil desenvolvo ampla pesquisa sobre o tema. Visito escolas, creches e empresas tentando entender onde estamos errando. Uma avaliação inicial, demonstra que a maior parte desses locais, faz ampla oferta de alimentos saudáveis e campanhas de orientação alimentar. O relato das crianças, coloca o hábito alimentar da casa, bem como o tipo de oferta alimentar feita pelos familiares, como o grande ‘vilão’ dessa doença”, destaca o médico Cid Pitombo.
Entre as crianças, sobrepeso e obesidade devem chegar a 75 milhões em todo o mundo, caso nada seja feito. Há um evidente sinal de alerta para a necessidade de prevenção imediata: oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta.
As crianças em geral ganham peso com facilidade por conta de hábitos alimentares errados, inclinação genética, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar, para citar alguns exemplos. Nem sempre a ingestão de grande quantidade de comida é a causa, pois em geral as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico, que não precisa ser em grande quantidade para causar o aumento de peso. As crianças costumam imitar os pais em tudo que fazem. Assim sendo, se os responsáveis têm hábitos alimentares errados, acabam induzindo os filhos a comerem do mesmo jeito.
Fatores sociais – A vida sedentária, facilitada pelos avanços tecnológicos, também leva as crianças a não se esforçar fisicamente. Fatores como violência urbana, por exemplo, também tem levado pais e responsáveis a manter as crianças em casa, com pouca atividade como jogar bola, brincar de pique, subir em árvore. Todos esses são fatores preocupantes para o desenvolvimento da obesidade.
“Temos notado que a ansiedade tem sido uma causa importante de sobrepeso em crianças e adolescentes. Psiquiatras afirmam que por trás de um obeso sempre poderá existir um problema psicológico, agravando-se devido a nossa cultura onde a sociedade exclui os ‘fora do padrão’. Por isso, se oriento que o adulto faça o tratamento contra a obesidade de forma multidisciplinar – com equipes contendo médicos, nutricionistas e psicólogos – na criança o acompanhamento desta forma é ainda mais importante”, alerta Pitombo.
Fatores hormonais também podem estar correlacionados à obesidade. Alguns deles são cada vez mais comuns na infância como excesso de insulina; deficiência do hormônio de crescimento; excesso de hidrocortizona, os estrógenos. Além deles, fatores genéticos também influenciam e precisam ser pesquisados.
“O momento de mudança é agora. Hoje! Nos últimos 30 anos, o contingente de obesos aumentou cinco vezes no país. Para prevenir que a situação se torne o caos de saúde pública que se anuncia, é fundamental que pais e responsáveis garantam a seus filhos uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras; respeitem os horários das refeições, evitando as beliscadas nos intervalos; evitem alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes; incentivem a prática de atividades físicas e a ingestão de pelo menos dois litros por dia. A obesidade é um problema grave e deve ser encarado com cuidado. Se você conhece alguém nessa situação, oriente a procurar por um serviço confiável”, reforça o médico.
O especialista – Desde 2010, quando a equipe do dr. Cid Pitombo criou o Programa de Cirurgia Bariátrica no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro mais de 2,5 mil pacientes foram operados, moradores de todas as regiões do estado do Rio de Janeiro. A média de atendimentos ambulatoriais está sendo mantida em 2.000/mês e a taxa de sucesso é de 99%.
A equipe do Programa é multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas. A cirurgia não é o objetivo principal e sim a qualidade de vida e a mudança de hábitos. Mais de quatro mil pacientes estão sendo acompanhados pela equipe do Programa.
“É um trabalho de resgate desses pacientes, realizado com muita dedicação e seriedade por toda a equipe. Devolvemos à sociedade o paciente antes obeso que não trabalhava, que tinha vergonha de comprar roupas e que não tinha mais vida afetiva.”, conta Cid Pitombo.
Fonte: Assessoria de imprensa.