Se um ente querido precisasse de cirurgia, você se sentiria à vontade em levá-lo ao hospital mais próximo? Provavelmente essa seria a opção mais conveniente, mas e se um hospital a 20 quilômetros de distância tiver uma conduta menos invasiva?
E, literalmente indo mais longe ainda, se uma instituição de saúde em uma cidade vizinha tiver uma reputação positiva atrelada a pacientes mais satisfeitos e melhores resultados? A variabilidade do cuidado tornou-se uma epidemia global e o custo para os sistemas de saúde está crescendo a cada dia.
Segundo estudos, como, por exemplo, o americano “Dartmouth Atlas of Health Care” e o inglês “National Health Service Atlas”, as variações nos cuidados entre vida e morte não podem ser atribuídas ao nível dos cuidados, gastos ou utilização. A vila ou cidade onde você recebe cuidados pode determinar as chances de um diagnóstico precoce de câncer, de obter rapidamente um tratamento de acidente vascular cerebral ou até mesmo de evitar procedimentos desnecessários.
Globalmente, a maioria dos países apresenta uma variação de duas a 20 vezes na qualidade e conduta do tratamento para uma mesma condição. De fato, um estudo de referência que analisou 30 condições diferentes nos EUA concluiu que apenas 55% dos pacientes recebem um tratamento com base em evidências. Um mesmo problema pode ser tratado de forma diferente, dependendo da localização do paciente, ocasionando em resultados clínicos ruins e despesas exorbitantes. Como podemos preencher essa lacuna que existe na sustentabilidade da saúde?
Existem três componentes importantes que influenciam na harmonização da tomada de decisão:
1 – Tomada de decisões baseada em evidências
Decisões baseadas em evidências podem fortalecer a base de conhecimento dos médicos e ajudar a reduzir a variabilidade do cuidado, pois permitem que eles se mantenham atualizados sobre o conhecimento médico em rápida evolução, levando a um tratamento mais eficaz.
2 – Alinhamento entre os profissionais de saúde e os pacientes
Para melhorar a qualidade e reduzir os custos, as instituições de saúde devem engajar os pacientes e capacitar melhor as equipes de profissionais que os tratam. Isso significa dispor de uma abordagem que abrange toda a jornada de cuidado e estimula a tomada de decisão colaborativa entre as equipes de atendimento e os pacientes.
3 – Ativando os pacientes, onde quer que eles estejam
Um fator importante na variabilidade clínica está relacionado às decisões que os pacientes tomam em relação aos seus próprios cuidados. Portanto, envolver verdadeiramente os pacientes em seus ciclos de tratamentos é o terceiro elemento na redução das variações de cuidados indesejados. Vários estudos confirmaram os benefícios dos programas de envolvimento do paciente em diversos cenários clínicos.
Descobriu-se que mais conhecimento e conscientização por parte do paciente resulta em menos procedimentos invasivos e aumenta a autonomia de sua decisão e também pode resultar em melhores desfechos clínicos.
A pesquisa mostrou, por exemplo, que 65% das pessoas que participaram de um programa de engajamento do paciente mantiveram a pressão arterial sob controle, em comparação com 53% que não o fizeram.
A chave para impulsionar a mudança de comportamento é por meio da harmonização da tomada de decisão, reduzindo a variabilidade indesejada no atendimento. A harmonização acontece quando todos os envolvidos no tratamento – e isso inclui os pacientes – têm acesso às informações necessárias para tomar decisões apoiadas em evidências.
Ao compartilhar e aplicar padrões clínicos baseados em evidências em todo o cuidado contínuo, as organizações podem reduzir a variação de cuidados indesejados, gerenciar custos e melhorar os resultados. E tecnologias existem hoje para tornar esta visão de cuidados harmonizados uma realidade.
Eleonora Sertorio é gerente de Marketing da Wolters Kluwer Health
Fonte: EPR Comunicação Corporativa